quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

História dos alimentos transgénicos

Desde sempre os agricultores fazem uma selecção dos alimentos, escolhendo as melhores sementes de forma a obter uma melhor colheita, mais abundante e de melhor qualidade.
Híbridos entre diferentes variedades já eram conhecidos desde o séc. 16, quando agricultores seleccionavam plantas com maior rendimento  e com maior resistência a pragas e doenças.  O mesmo tem sido  feito com as espécies animais domesticados pelo homem para a produção de carne, leite e outros produtos para a actividade como transporte, o trabalho agrícola e outras.
Esta selecção só foi possível pois certas características seguiam um padrão estatístico, indicando a presença de unidades de hereditariedade. Foi esta selecção não natural que estabeleceu as bases para a moderna biotecnologia.
Em 1865, Gregor Mendel (1822-1884), demonstra a existência dos genes. A relação entre o ácido desoxirribonucleico (DNA) e os genes só seria estabelecida em 1953  por Francis Crick (1916-) e James Watson (1928-) quando descobriram como o DNA direcciona o desenvolvimento e o crescimento de todos os organismos.
Ilustração 1 - DNA
A partir daí, iniciaram-se trabalhos para transferir genes, ou segmentos de DNA, de um organismo para outro, o que se tornou possível nos anos 80, com o aprimoramento da tecnologia do DNA recombinante (que permite obter fragmentos de DNA específicos e inseri-los em locais determinados do genoma). Essa tecnologia levou a obtenção dos primeiros organismos geneticamente modificados (OGMs): plantas, animais e microorganismos nos quais foram introduzidos  (ou removidos) trechos de DNA.
Quando o genoma de um organismo é alterado pela inserção de segmentos de DNA exógenos, ou seja, de outro organismo, o novo ser é denominado transgênico.
As plantas transgênicas nada mais são que as espécies e variedades tradicionalmente cultivadas, às quais foram acrescentados um ou mais genes, introduzidos através das técnicas de transformação genética.
A obtenção de plantas geneticamente modificadas foi possibilitada no início dos anos 80, quando se descobriu que uma bactéria presente no solo tinha a capacidade de transferir segmentos de seu próprio DNA para certas plantas. Esse fenômeno natural de transferência de genes entre espécies mostrou a possibilidade de usar essa bactéria para inserir em plantas certos genes responsáveis por características desejáveis, como resistência a pragas e doenças.
A comprovação da teoria só foi realizada em 1984 pelo biólogo molecular Luiz Herrera-Estrela e o geneticista Robert B. Horsch, dentre outros, quando estes conseguiram  plantas do tabaco transformadas geneticamente via a bactéria presente no solo, através das técnicas de biologia molecular, cultura de tecidos e, transformação e seleção in vitro. Demonstrando que a bactéria (Agrobacterium tumefaciens) poderia servir como um vetor natural para a transformação de plantas e possibilitando que genes com características de interesse agronômico pudessem ser transferidos para vegetais.

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